CRITICAR (Conhecimento e coragem)

Pela idade que tenho e experiência de vida eu deveria me conformar quando alguém me crítica, mas esse tipo de atitude sempre me chateia, porque, sempre a pessoa que faz a crítica, nunca procura saber a real questão do que está acontecendo, no entanto, fala tudo aquilo que pensa a respeito dos seus próximos e muitas das vezes esquecendo dele mesmo e do seu próprio passado. Acredito que algumas criaturas sinceras costumam falar mais livremente de si mesmas e de suas mazelas: com os outros é bom agir com cautela! Pois, criticar também exigi conhecimento e coragem.

“Criticar é fácil, difícil é fazer! ” Essa frase é muito utilizada como sendo completamente verdade, quando não o é. Por outro lado não presenciamos frases do tipo “elogiar é fácil, difícil é fazer uma crítica”. Fazer, dependendo do que seja, pode ser realmente difícil, mas criticar também não é nada fácil. Elogiar já é bem fácil, pois não é necessário conhecimento de causa e nem cria desconforto.

Elogiar é cômodo. Criticar demanda conhecimento e coragem.

Conhecimento é coragem! Isso está faltando nos dias de hoje, mais conhecimento do que coragem, pois realmente na aparente “zona de conforto” no momento do “falar” a coragem prevalece pois realmente fica “fácil “, mais o conhecimento as vezes deixa a desejar.

Embora sabedor que existe diferença entre crítica e a “criticalha”, eu particularmente tenho por conduta pretender sempre fazer a crítica sob o manto da postura construtiva. Observo, portanto, que ‘divergimos’ em tese nesse particular. Não coloco a crítica como reprimenda e sim como ponderação, parecer, “achismo”, opinião divergente, alerta, etc. Destaco que não sou modelo e mais do que criticar, mereço (necessito constantemente) em primeiro lugar “me” autocriticar e “a despois” disso deixar claro que não tenho moral para criticar os outros, pois dentro da sociedade competitiva que estamos inseridos sempre remei contra a maré. Os erros que pratiquei (ainda pratico) também foram pessoais, embora tenha dificuldade de admitir, e o que colho é resultado do que plantei ao longo de minha jornada. Nesse sentido, embora pratique pouco o debate, julgo fundamental a troca de ideias e experiências e aí é que se constrói a crítica em duplo sentido. As críticas que recebemos, quando as recebemos e se as recebemos, nos ajudam a rever posturas, conceitos, valores, a demolir com as nossas certezas, mesmo quando aumentam em contrapartida as incertezas.

Crítica mostra que valoriza o interlocutor para criar uma polêmica qualificada ao dispor de seu tempo para o mesmo – coisa cada vez mais rara no mundo da polidez de fachada. Para qualquer gendarme crítico, mais ou menos qualificado. Não devemos se entrincheirar na polidez de fachada que, na prática, serve para fugir da crítica. O ponto central e, a meu ver, mais difícil é combinar polêmica qualificada e vontade recíproca de aprender com a corrosão crítica, o que significa superar a vaidade tácita de simplesmente suplantar por suplantar com uma opinião, como se o debate de ideias fosse uma mera “justa teológica” em que somente um deve prevalecer ao final. 

Tanto nas relações interpessoais quanto interinstitucionais, a crítica poderia servir para provocar o “salto” emocional-intelectual dialético das partes, se é a generosidade que a move, em vez da vaidade excessivamente normativa de distintividade e gostos nos diversos locais da nossa sociedade. Deveríamos olhar com cuidado, particularmente nas Humanidades, que cumprir acriticamente determinadas metas de órgãos de fomento pode significar simplesmente matar o futuro da crítica seminal. Afinal, cada um dá o melhor que tem de e em si.

Face ao exposto, tenho convicção de afirmar, sem medo de errar que, o ser humano quando tem consciência de que a crítica, sempre, deve ser construtiva, está ele acima dos sentidos mais íntimos do cognitivo de cada um de nós, contribuindo, de forma justa e equitativa, para o aprimoramento do conhecimento e da educação, pois ao criticar, dessa forma, passa a contribuir, de forma eficiente e eficaz, para com a temática do outro. Por seu turno, o outro, com a humildade que deve ser peculiar, estará recebendo adicionais positivos que venham a complementar de forma equânime o que necessita exteriorizar.

Portanto, sempre criticar, sempre de forma positiva, sempre com o intuito de contribuir para com o outro.

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